Referência no mercado de mobiliário de alto padrão, a Salva consolida sua autoridade sobre o couro com a coleção 2025, Além da Superfície. Mais do que uma nova linha de produtos, a coleção é um mergulho sensorial na essência da marca — que, há anos, transforma o couro em linguagem estética e funcional. Em entrevista ao RSVP, Samuca Gerber, designer residente da marca, fala sobre processo criativo, inovação e tecnologia aplicada à construção de um mobiliário atemporal.
Como é o ponto de partida do seu processo criativo dentro da Salva, especialmente ao desenvolver peças que equilibram arte, funcionalidade e mercado?
Tudo começa com uma provocação — um estímulo que pode vir do mercado, de uma dor do usuário ou de um desejo meu como criador. O desafio está em transformar essa motivação em algo tangível, que dialogue com a estética da marca e com a minha linguagem pessoal. Na Salva, tenho a liberdade de explorar esse lugar de tensão criativa entre o que é desejável e o que é funcional. Cada projeto é uma imersão, na qual busco extrair o melhor da minha bagagem de referências culturais, estéticas e técnicas para criar algo que seja, ao mesmo tempo, inovador e essencial.
A coleção 2025 da Salva foi batizada de “Além da Superfície”. O que esse nome representa para você como designer?
Além da Superfície é quase um manifesto. Significa olhar para o móvel não apenas como um objeto funcional, mas como um campo simbólico que carrega identidade, desejo e sensação. O couro, como matéria-prima central, não é só revestimento — ele transmite história, toque, memória. A intenção da marca com essa coleção foi instigar um olhar mais profundo sobre o que parece óbvio, revelando camadas de conforto, inovação e arte por trás de cada forma e costura. O nome é um convite ao mergulho nessas camadas.
Como a tecnologia se integra ao design autoral nas peças da nova coleção?
Na Salva, a inovação não é um acessório — ela é estrutural. A manta Nanobionic®, por exemplo, que aplicamos sob o couro, eleva o conceito de conforto a um novo patamar. Ela interage com o corpo, potencializa o bem-estar e transforma a experiência de uso. Mas a tecnologia também está nas espumas, nos sistemas de suspensão e até nas decisões de ergonomia. Eu entendo o design como uma linguagem em constante expansão, e integrar tecnologia a ela é essencial para criar móveis contemporâneos que se conectam com o agora — estética, emocional e fisicamente.
Em que medida a estética da coleção 2025 reflete seus desejos como criador e a identidade da Salva?
Essa coleção é uma tradução muito fiel daquilo em que acredito como designer: o poder do essencial, do atemporal, do sensorial. As formas arredondadas e vultuosas trazem presença e convidam ao toque. Os tons terrosos aproximam o usuário da natureza, enquanto o couro, com sua sofisticação intrínseca, confere um caráter quase escultórico às peças. Tudo foi pensado para provocar desejo, mas também para pertencer — à casa, à rotina, ao corpo. O design que assino para a Salva não é sobre modismos; é sobre criar mobiliários que permanecem e inspiram.