Após o sucesso em No Rancho Fundo, da TV Globo, onde interpretou a personagem Corina Castello, a atriz Isis Broken está envolvida em um novo projeto: o filme Borda do Mundo. Trata-se de uma produção independente que retrata a vida de uma pescadora e sua jovem neta, que enfrentam a iminente destruição de sua casa devido ao avanço do mar.
No longa, Isis dá vida a Nayara, uma pescadora experiente que faz parte de uma cooperativa formada por mulheres. Este é seu primeiro trabalho em um longa-metragem desde o início da carreira na atuação. Sua estreia como atriz foi na minissérie Histórias Impossíveis, do Globoplay, interpretando a personagem Mateusa. Após fazer alguns cursos de atuação, Isis foi selecionada para o papel de Corina Castello, onde se intitulou como “uma mini vilã carismática” na novela No Rancho Fundo, conquistando um importante reconhecimento em sua trajetória. Sua presença marca um momento singular na televisão brasileira, com o avanço da visibilidade de artistas trans.
Agora, em Borda do Mundo, Isis promete reforçar ainda mais seu protagonismo e destacar a importância da representatividade trans em todos os formatos narrativos. O filme ainda não tem data de estreia definida, mas as gravações já estão em andamento.
A atriz reservou um tempo para conversar com a RSVP sobre a experiência de atuar pela primeira vez no cinema e o que o público pode esperar do filme.
Como está se sentindo atuando pela primeira vez em um filme?
Estou muito feliz por essa oportunidade e por esse retorno às telas. Está sendo uma experiência incrível poder aprender com a personagem, mergulhar na história e na cidade em que ela está inserida. Tenho certeza de que o público vai se emocionar e refletir bastante com o filme. Eu amo o que faço, atuar, e quero continuar nesse caminho, seja no cinema, em novelas ou séries. Meu coração está completamente aberto para essas novas possibilidades. Ainda não tive muitas oportunidades nessa área, mas espero que esse seja só o começo de uma nova fase na minha carreira.
Como foi o processo de preparação para dar vida à sua personagem?
Eu me dediquei a estudar a minha personagem, entender um pouco sobre a sua história e tudo o que ela precisa mostrar ao público. Procurei saber mais sobre a história de Atafona, o cenário, a cidade. A direção teve o cuidado de encontrar uma pessoa trans da cidade para que eu pudesse conversar, criar um laço para que, de alguma forma, pudesse me incluir no filme, o que foi muito especial e teve um peso enorme para mim. Pude sentir a força, vontade, amor e resistência das pessoas com aquela terra. Uma preparação essencial para trazer autenticidade à minha personagem.
O que o público pode esperar da sua personagem e da história do filme como um todo?
O público vai poder sentir o amor que a Nayara tem por Atafona e conhecer a história dessa cidade, que já teve 15 quadras engolidas pelo mar. Mesmo diante de tanta destruição, assim como a minha personagem, as pessoas não querem ir embora. Elas continuam amando o lugar porque existe uma conexão muito forte com aquela terra. Espero que o público se apaixone tanto pela história quanto pela resistência dessa cidade linda do Rio de Janeiro. Além disso, o filme também funciona como um alerta climático, já que Atafona está sendo destruída pelo avanço do mar causado pelo aquecimento global, e poder levar isso ao cinema gera uma consciência sobre o real impacto causado por tais problemas na vida das pessoas.
Fazendo um balanço da sua carreira até aqui, como você enxerga sua trajetória?
A minha trajetória foi, e ainda é, marcada por muitos desafios. Sempre digo que, como uma pessoa trans, precisei me esforçar muito mais do que uma pessoa cis para conquistar meu espaço. Tive que me dedicar o dobro, trabalhar mais, enfrentar o preconceito de frente e, muitas vezes, provar meu valor em ambientes que ainda não estavam preparados para me receber. Mas, mesmo com todas essas barreiras, vejo que consegui chegar até aqui, e que podemos muito mais. Sou grata às pessoas que acreditaram em mim, que enxergaram meu talento e meu comprometimento. Essas oportunidades fizeram toda a diferença na minha jornada. Hoje, olho para trás com orgulho e para frente com esperança. Quero continuar abrindo caminhos, não só para mim, mas para outras pessoas trans e para quem ainda luta por visibilidade e respeito no mercado. Acredito que minha trajetória é, acima de tudo, uma história de resistência, superação e amor pelo que faço.

Quais são os próximos projetos que você pode compartilhar com a gente?
Além do filme Borda do Mundo, que estamos gravando, tem também o documentário que está em fase de edição. Ele retrata a história da gestação do meu filhe Apolo, em que o pai foi quem engravidou, e sobre todos os desafios que enfrentamos nesse processo. Esse projeto tem a co-direção da Tainá Müller, que foi fundamental em todo o processo.