Com olhar apurado, escuta sensível e um estilo que equilibra sofisticação, funcionalidade e acolhimento, Ticiane Lima vem se destacando no cenário da arquitetura contemporânea paulistana. Arquiteta formada pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo e designer por formação, ela conduz projetos com uma abordagem autoral, moldada pelo respeito ao briefing e pela conexão genuína com seus clientes.
Seu portfólio inclui espaços que vão além da estética: são lugares que despertam sensações, promovem bem-estar e potencializam experiências – como é o caso dos mais recentes projetos assinados por ela para restaurantes de alto padrão em São Paulo, como Makoto, Tasca e o Caviar Kaspia. Nesta entrevista, Ticiane compartilha os bastidores criativos desses trabalhos, sua visão sobre o design de interiores contemporâneo e as tendências que traduzem o espírito do tempo em forma, função e beleza.
Como você traduz a identidade de cada restaurante em arquitetura e design de interiores?
Cada projeto tem uma essência, e minha missão é traduzi-la em arquitetura. Minha abordagem parte do respeito ao briefing e da construção conjunta com o cliente. No Makoto, por exemplo, mergulhei na cultura japonesa, inspirando-me na filosofia do ikigai e na técnica kumiki, criando um ambiente que equilibra tradição e sofisticação contemporânea.
Já no Tasca, a imersão foi na alma portuguesa: desenvolvi um espaço leve, com um mural de azulejos pintados à mão, que celebra a cultura lusitana de forma atual. E no Caviar Kaspia, a proposta é diferente: um restaurante francês descontraído, com atmosfera fluida, que se afasta da formalidade típica da alta gastronomia. Em todos, busco imprimir bossa, refinamento e uma estética que potencialize a experiência gastronômica.
Quais elementos você considera como sua assinatura nos projetos?
Minha arquitetura é leve, mas sempre com bossa – uma identidade que transcende estilos e se adapta a diferentes culturas. Gosto de trabalhar com materiais nobres, iluminação estratégica e uma paleta de cores sofisticada.
Há uma harmonia entre tradição e contemporaneidade que percorre todos os meus projetos, além de um certo minimalismo que valoriza cada detalhe. Para mim, design é narrativa: cada espaço precisa contar uma história e criar uma memória sensorial no visitante.
Quais são as principais tendências em design de interiores hoje?
Vejo um forte movimento em torno da sustentabilidade, da personalização e do conforto. O design biofílico, com a presença de plantas e materiais naturais, está em alta.
A paleta neutra continua como base, mas ganha vida com tons terrosos, como terracota e verde oliva. Texturas são protagonistas – madeira, linho, pedras naturais e metais foscos se combinam para criar ambientes acolhedores.
Também observo uma valorização de móveis multifuncionais e peças vintage, que trazem história e identidade ao espaço. E, claro, a integração da tecnologia com a automação residencial tem se tornado cada vez mais essencial.

Na sua visão, de que forma o design de interiores pode melhorar o bem-estar das pessoas?
O espaço interfere diretamente no nosso estado emocional e físico. Um ambiente bem planejado promove conforto, funcionalidade e acolhimento.
A luz natural, a ventilação cruzada, a escolha de materiais não tóxicos e a atenção à acústica são aspectos que impactam o nosso cotidiano de maneira positiva. Além disso, ambientes que refletem a identidade dos usuários – que têm alma – geram uma sensação de pertencimento e prazer.