Na próxima semana, começa a 78ª edição do Festival de Cannes, um dos eventos mais prestigiados do cinema mundial. Entre os destaques brasileiros, está O Riso e a Faca (I Only Rest In The Storm), selecionado para a mostra Un Certain Regard, a segunda mais importante do festival. Dirigido pelo português Pedro Pinho, o filme conta com uma forte presença brasileira, tanto no elenco quanto na equipe técnica.

Coprodução luso-brasileira com olhar potente

Embora o diretor seja português, grande parte da equipe é formada por brasileiros. O ator Jonathan Guilherme, por exemplo, divide o protagonismo com a cabo-verdiana Cleo Diára e o português Sérgio Coragem. Guilherme, ex-jogador de vôlei e atualmente poeta radicado em Barcelona, interpreta Gui, um dos personagens centrais da trama.

Além disso, o Brasil participa com a produtora Tatiana Leite e o diretor de fotografia Ivo Lopes Araújo. A coprodução é assinada pela brasileira Bubbles Project, com distribuição nacional da Vitrine Filmes.

Trama aborda temas coloniais contemporâneos

O filme foi inspirado em uma música homônima de Tom Zé e foi rodado na Guiné-Bissau. A história acompanha Sérgio, engenheiro ambiental que se muda para uma metrópole da África Ocidental para trabalhar em um projeto de construção de estrada. Enquanto tenta se adaptar, ele se envolve emocionalmente com dois moradores locais: Diára e Gui.

À medida que o vínculo entre eles se aprofunda, surgem tensões provocadas por dinâmicas sociais e históricas ainda não resolvidas. Consequentemente, o protagonista se vê diante de dilemas éticos e afetivos que desafiam sua visão de mundo. O diretor Pedro Pinho afirma que o filme propõe uma jornada polifônica, que reflete os conflitos nas fronteiras neocoloniais.

Retorno de Pedro Pinho a Cannes

Pedro Pinho já havia sido premiado em Cannes em 2017 com A Fábrica de Nada, vencedor do Prêmio da Crítica Internacional (FIPRESCI). Desde então, o cineasta tem se destacado por explorar temas políticos com linguagem autoral. O Riso e a Faca marca seu retorno à seleção oficial, desta vez com um filme que cruza ficção, crítica social e intimidade.

Por outro lado, o diretor ressalta que sua nova obra é menos sobre respostas e mais sobre escutar múltiplas vozes: “O filme convida os personagens a trazer a palavra para o centro da ferida mais exposta do nosso tempo.”

Estreia no Brasil

Embora ainda não tenha data de estreia confirmada nos cinemas brasileiros, O Riso e a Faca deve chegar ao país após sua exibição em Cannes. Enquanto isso, a presença brasileira no festival reafirma o vigor e a relevância do cinema nacional no circuito internacional. Com um enredo potente, equipe diversa e abordagem política, o longa promete ser um dos grandes títulos da temporada.

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