O Personagem, dirigido por Fábio Mendonça, começou a ser rodado em São Paulo. O longa é uma coprodução entre a AMAIA Produções, Globo Filmes e Uno Filmes. Estrelado por Diderot Senat e Nathalia Dill, o filme acompanha a história de Clarens, um imigrante haitiano que busca uma vida melhor no Brasil. A trama explora questões como discriminação, racismo e xenofobia, abordando os desafios da sobrevivência de um estrangeiro em um novo país.

Locações e contexto

As filmagens acontecem durante todo o mês de abril, em locais emblemáticos de São Paulo, como o Centro da cidade, o bairro do Glicério e a Comunidade Porto Príncipe, no Ipiranga. Esses bairros possuem uma forte presença da comunidade haitiana, especialmente no comércio, e servem de cenário para a vida de Clarens, personagem principal do filme. Além disso, essas locações são essenciais para ilustrar o cotidiano dos imigrantes haitianos que buscam uma vida melhor no Brasil.

Similitudes entre o ator e o personagem

A história de Diderot Senat, ator principal, tem semelhanças com a do personagem que interpreta. Em 2012, Senat também deixou o Haiti em busca de um futuro melhor no Brasil. No entanto, ao contrário de Clarens, que enfrenta muitas dificuldades, Senat conseguiu reconhecimento em sua carreira de ator. Seu primeiro longa, Porto Príncipe (2023), foi premiado no Cine PE, o que abriu portas para seu trabalho no cinema brasileiro.

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André Novis, Nathalia Dill, Fábio Mendonça, Diderot Senat e Diane Maia – Foto: Elisa Mendes

O encontro de Clarens e Diana

No filme, Clarens decide deixar sua esposa grávida no Haiti e buscar uma nova vida no Brasil. Seu objetivo é trabalhar, juntar dinheiro e trazer a esposa antes do nascimento do filho. No entanto, ele encontra obstáculos como a precariedade e o preconceito. Assim, ele se vê forçado a lidar com os estereótipos de “vítima” ou “criminoso”, que a sociedade impõe aos imigrantes.

O encontro de Clarens com Diana, interpretada por Nathalia Dill, uma jornalista de classe privilegiada, traz um novo conflito à trama. Diana, com boas intenções, deseja contar a história dos haitianos em São Paulo, mas acaba reforçando a visão reducionista de “vítima” para o protagonista. Esse encontro se transforma, portanto, em uma batalha de percepções e interesses. Clarens tenta, de todas as formas, escapar dos rótulos impostos pela sociedade, mas, no fim, acaba aceitando o mais conveniente: o da vítima. No entanto, até essa escolha tem um alto preço.

Reflexão sobre identidade e sobrevivência

O Personagem vai além de ser apenas um filme sobre imigração. Ele propõe uma reflexão profunda sobre identidade, sobrevivência e os estigmas que a sociedade impõe às pessoas em situações vulneráveis. A direção de Fábio Mendonça, que tem em sua trajetória a criação de séries como Pedro e Bianca e Vale dos Esquecidos, oferece uma visão sensível e profunda sobre a experiência do imigrante, tratando de questões universais, como o direito de ser visto e reconhecido como ser humano.

A produção

A produção do filme é assinada por Diane Maia, profissional experiente no mercado cinematográfico, com diversos projetos premiados no Brasil e no exterior, como Aeroporto Central (2017) e Todas as Canções de Amor (2018). Ao seu lado, André Novis, produtor executivo de grandes sucessos como A Vida Invisível (2019), também participa do projeto, contribuindo para a qualidade e o alcance da produção.

O Personagem promete não só emocionar, mas também provocar uma reflexão essencial sobre como os imigrantes são tratados em nosso país. Assim, o filme se coloca como uma obra que questiona os preconceitos e as limitações impostas pela sociedade, propondo uma visão mais humana e empática sobre a experiência do imigrante no Brasil.

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