Ser mulher é equilibrar pratos, jogar beach tênis e, sempre, parecer impecável no final do dia. Somos mães, executivas, empreendedoras, amantes, amigas e, ainda, damos um jeito de ajeitar a vida do outro, além da nossa.
Outro dia, minha terapeuta me deu uma missão: deixar meu lado feminino aflorar. “Permita-se”, ela disse, com aquele tom de quem tem certeza de que encontrou a raiz de todos os meus problemas. Imagina só. No mundo corporativo, onde testosterona e planilhas dominam, ser feminina muitas vezes significa ser subestimada. A vulnerabilidade parece fraqueza e a empatia, hesitação. Mas e se ser mulher fosse, justamente, o nosso trunfo?
O problema é que aprendemos a ser alicate. Isso mesmo, alicate. Ferramenta multifuncional, forte o suficiente para segurar as pontas, cortar o que for preciso e até desemperrar as coisas quando travam. E assim seguimos, resolvendo tudo e todos, como se fosse normal carregar o mundo nas costas com um salto 10 – ou, no meu caso, salto 13.
O choro? Ah, deixamos para o banho. Afinal, tempo é precioso, e maquiagem não foi feita para escorrer. Só que, entre reuniões, boletos, provas das crianças e a tentativa de encaixar a academia em 24 horas que nunca parecem suficientes, esquecemos de um detalhe essencial: também precisamos de colo.
Por isso, neste mês das mulheres, entre flores, homenagens e discursos sobre nossa força, quero propor algo diferente: que possamos, ao menos por um momento, soltar o alicate. Que possamos pedir ajuda sem culpa, rir sem motivo, chorar sem planejamento e, principalmente, lembrar que ser forte não significa ser invencível.
Ser mulher é incrível, mas ser feliz é melhor ainda.