A tarde de sexta-feira na SP-Arte 2025 foi de pura emoção no lounge do Instituto Sergio Rodrigues. Em meio às homenagens pelos cem anos de nascimento do mestre do design brasileiro, um grupo de pessoas com deficiência visual, atendidas pela Fundação Dorina Nowill para Cegos, teve a oportunidade de conhecer de perto, com as mãos, os ouvidos e o coração, as criações que transformaram o mobiliário moderno no Brasil.
A ação, promovida pelo Instituto em parceria com a Fundação Dorina, faz parte do calendário de comemorações do centenário de Sergio Rodrigues, que já vem sendo celebrado com exposições e lançamentos desde 2024 e terá seu auge em 2027. Mas naquela tarde, não foram apenas as poltronas icônicas como a Mole que roubaram a cena: foi o afeto, a escuta, a inclusão.

O grupo participou de uma visita guiada sensorial conduzida pela equipe do Instituto. Um dos participantes, ao tocar o banco Mocho, primeira peça criada por Sergio Rodrigues, disse: “Parece um objeto indígena”. Sem ver, ele havia sentido a força da brasilidade presente na obra de Sergio.
A programação se estendeu com uma palestra inspiradora, com Fernando Mendes, presidente do Instituto Sergio Rodrigues, e a curadora Maria Cecilia Loschiavo, com mediação da pesquisadora Clarissa Schneider, que iniciou a conversa destacando que “Sergio Rodrigues foi uma figura seminal na história do design brasileiro, o primeiro a criar uma linguagem verdadeiramente nacional para o mobiliário moderno.”
Fernando relembrou momentos preciosos vividos ao lado do designer: o traço à mão como espinha dorsal do projeto, o humor constante, a liberdade criativa, a habilidade de fazer do desenho uma narrativa de comunicação e encantamento.

Reconhecida como uma das maiores especialistas no pensamento sobre design no Brasil, Maria Cecilia conduziu a conversa com sensibilidade e profundidade, celebrando a poética da obra de Sergio, seu compromisso com a estética genuinamente brasileira, o conforto e sua genialidade em traduzir o cotidiano em beleza.
Ao abrir espaço para esse encontro, o Instituto Sergio Rodrigues reforça o que o próprio Sergio, com toda a sua humildade, nos ensinou: que o bom design tem sotaque. Ao transformar móveis em arte, ele nos legou uma linguagem sensível, intuitiva, brasileira e viva, que toca a todos e atravessa gerações.