Caminhar é um dos exercícios mais simples e democráticos que existem — e não à toa é amplamente recomendado por médicos e especialistas para todas as idades. No entanto, uma nova tendência vem ganhando espaço nas academias e nas redes sociais: a retro walking, ou caminhada reversa, feita na esteira.
A prática pode parecer excêntrica à primeira vista, mas tem respaldo da medicina esportiva. De acordo com o ortopedista Dr. Marcos Cortelazo, especialista em joelho e traumatologia esportiva, caminhar para trás pode oferecer benefícios específicos. “É especialmente útil em contextos de reabilitação, treinos funcionais ou na preparação para certos esportes”, explica.
Estímulo à coordenação, equilíbrio e músculos diferentes
A caminhada reversa exige mais atenção e consciência corporal do praticante, o que a torna interessante para treinar a propriocepção — a capacidade do corpo de perceber sua posição e movimento no espaço. “Isso melhora o equilíbrio e a coordenação motora”, destaca o Dr. Fernando Jorge, ortopedista e mestre em biomecânica do aparelho locomotor pela USP.
Além disso, o exercício recruta músculos que normalmente são pouco ativados na caminhada tradicional. Entre os principais estão os isquiotibiais (parte posterior da coxa), os glúteos e os estabilizadores da lombar. A ativação muscular intensa, aliada à baixa carga nas articulações, torna a retro walking uma aliada valiosa na reabilitação de lesões.
Quando evitar e como praticar com segurança
Apesar das vantagens, nem todos devem aderir à prática sem cautela. Pessoas com histórico de lesões no joelho, tornozelo ou problemas de coluna, como hérnias de disco, devem evitar ou adaptar o exercício. “Em alguns casos, o esforço de estabilização exigido pela caminhada para trás pode agravar dores nas costas”, alerta o Dr. Fernando Jorge.
O risco de queda também é uma preocupação, principalmente para idosos ou pessoas com dificuldades de equilíbrio. Por isso, os especialistas recomendam que a retro walking seja feita com acompanhamento profissional, em um ambiente seguro, como academias.
“É essencial começar com sessões curtas e aumentar a duração aos poucos, conforme o corpo se adapta. A orientação de um profissional garante a execução correta e ajuda a evitar lesões”, reforça o Dr. Marcos Cortelazo.
Curiosa, funcional e cientificamente embasada
Mais do que uma moda passageira do TikTok, a retro walking pode ser uma ferramenta interessante para quem busca diversificar os treinos, melhorar a performance esportiva ou acelerar a recuperação de uma lesão.
Com os cuidados certos, caminhar para trás pode ser um passo à frente no seu condicionamento físico.
Fontes:
Dr. Fernando Jorge — Médico ortopedista, especialista em cirurgias do joelho e quadril, medicina regenerativa e intervenção em dor. Membro da SBOT, SOBRAMID, ABRM, ASRM, SMBTOC e SBED. Mestre em Biomecânica pela USP. Instagram: @dr.fernandojorge
Dr. Marcos Cortelazo — Ortopedista especialista em joelho e traumatologia esportiva. Membro da SBOT, SLARD e ISAKOS. Integra o corpo clínico dos hospitais Albert Einstein, São Luiz e Oswaldo Cruz. Instagram: @dr.marcos_cortelazo