De um tempo para cá, cuidar da barreira da pele deixou de ser um tema técnico de consultório e se tornou uma das maiores tendências da beleza. O motivo? Um número crescente de pessoas passou a relatar vermelhidão, descamação, ardência e reatividade mesmo ao usar produtos antes considerados seguros. Por trás desses sintomas, está uma pele fragilizada — ou seja, uma barreira cutânea comprometida.

O que é a barreira da pele e por que ela é tão importante?

A barreira cutânea é formada pelo estrato córneo, a camada mais externa da epiderme. Sua principal função é evitar a perda de água e proteger o organismo de agentes externos, como poluição, microrganismos e substâncias irritantes. “Essa barreira funciona como uma parede de tijolos”, explica o dermatologista Dr. Renato Soriani, da Sociedade Brasileira de Dermatologia. “Os corneócitos são os tijolos, e os lipídios — como ceramidas, colesterol e ácidos graxos — formam a argamassa que os mantém unidos.”

No entanto, essa estrutura pode se romper diante de alguns fatores, como o uso excessivo de produtos agressivos, mudanças bruscas de temperatura, clima seco, estresse crônico e até hábitos alimentares inadequados. Como resultado, surgem rachaduras microscópicas que deixam a pele mais sensível, desidratada e propensa à inflamação.

Dr Renato Soriani - Foto Divulgação
Dr. Renato Soriani – Foto Divulgação

Pele sensível ou pele sensibilizada?

Nem sempre o paciente tem uma pele naturalmente sensível. Em muitos casos, trata-se de uma pele sensibilizada por agressões constantes. “Essa diferença é fundamental. Uma pele sensibilizada pode ser tratada e fortalecida. Já a sensibilidade verdadeira é uma condição mais constante e genética”, explica a dermatologista Dra. Claudia Marçal. Ou seja, reconhecer a origem do problema é o primeiro passo para o cuidado correto.

Sinais de que a barreira precisa de ajuda

Secura, repuxamento, ardência, descamação e vermelhidão estão entre os principais sintomas. Além disso, uma reação exagerada a produtos comuns pode indicar que o estrato córneo não está funcionando bem. “Se o seu creme de uso diário começa a arder, acenda o sinal de alerta”, diz o Dr. Renato. Por isso, vale observar a resposta da pele no dia a dia.

Como reparar a barreira cutânea?

Apesar dos danos, a boa notícia é que a pele tem uma notável capacidade de regeneração. No entanto, ela precisa de ajuda. A hidratação — duas vezes ao dia, no mínimo — é o primeiro passo. “Além disso, é importante suspender o uso de produtos agressivos, proteger a pele com filtro solar adequado e investir em uma rotina suave e eficiente”, completa o médico.

Outro ponto importante é que suplementos também podem ajudar no processo de recuperação, especialmente os que contêm antioxidantes, peptídeos, aminoácidos e ativos como Resveratrol e Exsynutriment. Com isso, o tratamento atua de dentro para fora, apoiando a regeneração.

Dra Claudia Marçal - Foto Divulgação
Dra Claudia Marçal – Foto Divulgação

Procedimentos estéticos: o que ajuda e o que prejudica?

Nem todos os tratamentos são bem-vindos quando a pele está fragilizada. Lasers, por exemplo, podem piorar o quadro, aumentando a chance de manchas, ardência e ressecamento. Em contrapartida, tecnologias como o HydraFacial (incluindo o protocolo Face Recovery) promovem a limpeza e hidratação profundas com segurança. “Ele remove impurezas e entrega ativos calmantes de forma precisa, ajudando na reparação”, explica o Dr. Renato.

O procedimento ainda pode ser personalizado com o Peel Sensitive, um peeling químico suave. Além disso, pode ser combinado com o Picoglow, que associa laser de picossegundos e pasta de carbono para melhorar a textura e uniformizar o tom da pele.

O que evitar?

Saber o que não fazer também é essencial. Esfoliantes físicos e ácidos potentes devem sair da rotina. “Evite o lauril sulfato de sódio, presente em muitos sabonetes e shampoos. Ele pode comprometer ainda mais a pele fragilizada”, orienta o dermatologista. Além disso, é recomendável fugir de fragrâncias adicionadas. “Esses compostos químicos podem penetrar na pele danificada e causar reações”, alerta o médico.

Beleza começa com proteção

A tendência é clara: a pele saudável, antes de tudo, precisa estar funcional. Mais do que nunca, reforçar a barreira cutânea deixou de ser um detalhe e passou a ser o pilar de qualquer rotina de cuidados bem-sucedida. Mais do que estética, é saúde.

Fontes:
Dr. Renato Soriani – dermatologista, membro da SBD e mestre em Dermatologia pela USP.
Dra. Claudia Marçal – dermatologista, membro da SBD e da American Academy of Dermatology.

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