A dor de cabeça recorrente pode esconder uma condição séria. Durante o mês de maio, a campanha Maio Bordô promove a conscientização sobre as cefaleias — e joga luz sobre a enxaqueca, que, embora não seja a mais frequente, é considerada a mais incapacitante entre elas.

Impactos físicos e emocionais da enxaqueca

A enxaqueca vai além da dor latejante. Ela compromete significativamente a rotina do paciente, afetando sono, memória, concentração e bem-estar geral. Os sintomas se intensificam com luz, sons e cheiros, e costumam vir acompanhados de náusea, tontura e sensibilidade extrema.

Fatores genéticos, hormonais e ambientais

A ciência já mapeou cerca de 180 pontos genéticos relacionados à enxaqueca. Além disso, hormônios como o estrogênio explicam a maior incidência em mulheres. No entanto, o ambiente também pesa: estresse constante, privação de sono, rotina intensa e exposição a estímulos podem aumentar a frequência e gravidade das crises.

Alimentação e estilo de vida influenciam nas crises

Alimentos estimulantes, como café, chocolate e bebidas energéticas, além de termogênicos como gengibre e pimenta vermelha, tendem a intensificar os episódios. Para controlar a enxaqueca, é essencial identificar esses gatilhos e adotar hábitos mais equilibrados.

O que funciona (e o que não funciona) no tratamento

Embora muitos recorram a analgésicos durante as crises, o uso frequente desses medicamentos pode piorar o quadro — um fenômeno chamado cefaleia por uso excessivo de medicamentos. O ideal é apostar em estratégias que tratem a causa da dor, e não apenas o sintoma.

Abordagem integrada e tratamentos de primeira linha

O controle eficaz da enxaqueca exige uma abordagem global, que pode incluir mudanças na alimentação, suporte psicológico e tratamentos com eficácia comprovada. Entre eles, estão:

  • Toxina botulínica: aplicada em pontos específicos, reduz a sensibilidade cerebral e previne crises;
  • Medicamentos monoclonais Anti-CGRP: desenvolvidos especialmente para enxaqueca, bloqueiam substâncias envolvidas na dor;
  • Neuroestimulação: técnica usada em sessões de fisioterapia, que diminui a excitabilidade cerebral por meio da estimulação do nervo trigêmeo.

Controle é possível — e melhora a qualidade de vida

Apesar de não haver cura, é possível controlar a enxaqueca com o tratamento adequado. Avaliações individualizadas ajudam a identificar gatilhos e definir a melhor combinação terapêutica para cada paciente.

Fonte: Dr. Tiago de Paula — médico neurologista especialista em cefaleia, membro da International Headache Society (IHS) e da Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBC).

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