O que é a fascite plantar?
A dor intensa na sola do pé ao acordar ou caminhar pode ser mais do que apenas cansaço. Em muitos casos, o problema está associado à fascite plantar, uma inflamação da fáscia — tecido fibroso que liga o calcanhar aos dedos e sustenta o arco do pé.
A condição é comum em atletas, mulheres que usam salto alto com frequência e idosos. Pode causar limitação funcional significativa e, se não for tratada corretamente, tende a se tornar crônica.
Causas e fatores de risco
Segundo o ortopedista Dr. Fernando Jorge, especialista em dor, a inflamação pode ocorrer por vários motivos. Entre eles, estão:
- uso de calçados inadequados;
- excesso de peso;
- treinos intensos de impacto;
- alterações na marcha ou na estrutura do pé;
- envelhecimento natural.
“É comum em pacientes mais velhos e em mulheres que usam salto alto com frequência. O salto altera a biomecânica da marcha e sobrecarrega a região anterior do pé, o que pode provocar microtraumas e inflamação”, afirma o médico.
Ele também aponta o risco aumentado em quem tem pé chato ou arco plantar muito elevado.
Quando a dor se torna persistente
Com o tempo, a fáscia pode engrossar devido ao acúmulo de tecido cicatricial. Isso aumenta o desconforto e torna a recuperação mais difícil.
“Se a inflamação se torna crônica, a fáscia plantar passa a apresentar alterações estruturais. Nesses casos, é fundamental buscar ajuda médica para evitar piora do quadro”, alerta o especialista.
Tratamento com toxina botulínica
Uma das opções disponíveis para casos mais resistentes é a aplicação de toxina botulínica. Embora não seja o uso mais comum da substância, ela tem se mostrado eficaz em muitos pacientes.
“A toxina atua promovendo o relaxamento muscular e reduzindo a tensão sobre a fáscia. A aplicação é feita por infiltração, com o auxílio de ultrassonografia, geralmente no músculo gastrocnêmio ou sóleo”, explica o Dr. Fernando.
Essa abordagem é indicada para casos crônicos e também pode ser utilizada de forma preventiva em pessoas com risco elevado, como aquelas com encurtamento muscular significativo.
Outras abordagens complementares
Além da toxina botulínica, o tratamento pode envolver:
- fisioterapia para alongamento e fortalecimento da musculatura;
- órteses para suporte do arco plantar;
- medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios;
- laser de alta intensidade;
- terapia por ondas de choque;
- e procedimentos ortobiológicos, com uso de substâncias derivadas do próprio corpo do paciente.
Apesar das opções, o médico reforça que a prevenção ainda é o melhor caminho. “O ideal é alternar o uso de salto alto com calçados confortáveis, fortalecer a musculatura dos pés e alongar regularmente a panturrilha. Com esses cuidados, os pés ficam preparados para sustentar o corpo em cada passo”, finaliza.
Fonte:
Dr. Fernando Jorge — Médico ortopedista, especialista em cirurgias do joelho e quadril, medicina regenerativa, intervenção em dor e biomecânica do aparelho locomotor pela USP. Membro das principais sociedades médicas nacionais e internacionais nas áreas de dor e ortopedia. Instagram: @dr.fernandojorge