Cefaleia e enxaqueca: Entenda a diferença
Maio também é marcado pela campanha “Maio Bordô”, que visa conscientizar a população sobre a cefaleia, termo que abrange as dores de cabeça. Entre os tipos mais comuns, a enxaqueca se destaca como a segunda mais frequente, ficando atrás apenas da cefaleia tensional. Contudo, é a enxaqueca que mais faz com que as pessoas busquem atendimento médico, pois ela é uma doença incapacitante, e não apenas uma dor passageira.
Sintomas que impactam a vida do paciente
Além da dor latejante, quem sofre de enxaqueca enfrenta outros sintomas desagradáveis. Por exemplo, sensibilidade à luz e ao som, náuseas, tontura e piora da qualidade do sono, da atenção e da memória. Portanto, o impacto da doença vai muito além da dor de cabeça e compromete o bem-estar geral do paciente.
Fatores genéticos e ambientais
Segundo o neurologista Dr. Tiago de Paula, a enxaqueca tem uma forte base genética, com aproximadamente 180 locais no código genético que predispõem a doença. Além disso, fatores hormonais, especialmente relacionados ao estrogênio, fazem com que a doença seja mais comum em mulheres. No entanto, o ambiente onde o paciente vive também influencia bastante. Estresse constante, rotina intensa, exposição a estímulos e falta de sono podem agravar as crises. Igualmente, a alimentação tem papel importante: alimentos estimulantes, como café e chocolate, e termogênicos, como gengibre e pimenta, tendem a piorar os sintomas.
Tratamento integrado e cuidados necessários
É importante destacar que o uso frequente de remédios para as crises pode piorar o quadro, causando cefaleia por uso excessivo de medicamentos. Por isso, o tratamento precisa ser orientado por um médico e incluir abordagens integradas, que envolvem mudanças no estilo de vida, acompanhamento nutricional e psicológico, além de terapias comprovadas cientificamente. Entre essas, a toxina botulínica e os medicamentos monoclonais Anti-CGRP têm se mostrado eficazes no controle da enxaqueca.
Novas Tecnologias no Controle da Enxaqueca
Outra alternativa para aliviar as crises são as sessões de fisioterapia e o uso de dispositivos de neuroestimulação. Essa tecnologia atua estimulando eletricamente o nervo trigêmeo, diminuindo a transmissão da dor e reduzindo a hiperexcitabilidade cerebral. Assim, contribui para a redução da frequência e intensidade das crises.
Conclusão: Enxaqueca tem Controle, mas não Cura
Embora a enxaqueca crônica ainda não tenha cura, é possível controlá-la com o tratamento adequado. Por isso, uma avaliação individualizada é fundamental para que o médico identifique gatilhos e defina o melhor plano terapêutico, devolvendo a qualidade de vida ao paciente.
Fonte: Dr. Tiago de Paula – Neurologista especialista em Cefaleia, membro da International Headache Society (IHS) e da Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBC). Graduado e especializado pela UNIFESP, atua no Headache Center Brasil e é pesquisador reconhecido na área.