Coleção garimpada ao longo de seis décadas

O casal de colecionadores Calito e Tina Azevedo Moura percorreu, por mais de 60 anos, cidades do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Nesse caminho, reuniu móveis, utensílios, ferramentas, fotos e impressos produzidos por alemães e italianos que chegaram ao Sul entre o fim do século 19 e o início do 20. Agora, o Museu do Ipiranga exibe esse acervo em São Paulo, a partir de 27 de maio.

Cavalinho, madeira maciça e crina de cavalo. Créditos: DelRe-Stein_VivaFoto
Cavalinho, madeira maciça e crina de cavalo. Créditos: DelRe-Stein_VivaFoto

Curadoria que valoriza afeto e identidade

A crítica de design Adélia Borges, conhecida por destacar o artesanato popular brasileiro, assina a curadoria. Segundo ela, as peças têm pouco valor monetário, porém carregam forte conteúdo simbólico. “Esses objetos conectam o público às raízes rurais e revelam tradições que, muitas vezes, sobrevivem apenas na lembrança”, observa.

Adélia Borges, 2024. Foto Vini Dalla Rosa
Adélia Borges, 2024 – Foto Vini Dalla Rosa

Dez núcleos temáticos costuram a narrativa

  • Pode entrar que a casa é sua – Portas entalhadas mostram a habilidade de marceneiros que encontraram novas madeiras no Brasil.
  • As várias formas do sentar – Cadeiras, bancos e o tradicional cavalinho de madeira revelam usos distintos para um mesmo móvel.
  • Preparar e servir o pão de cada dia – Utensílios de cozinha contam como a culinária preserva identidades.
  • Mande notícias do mundo de lá – Cartões-postais românticos mantêm laços com a Europa.
  • Lar, doce lar – Ditados de parede destacam união familiar e fé.
  • O céu que nos protege – Oratórios e imagens sacras exibem diferenças entre católicos e protestantes.
  • Grafias de época – Folhetos publicitários e fotografias revelam costumes de consumo.
  • Noivas de preto – Vestidos escuros lembram antigas tradições de casamento.
  • Infância nas colônias – Brinquedos e cadernos mostram o cotidiano das crianças.
  • Ferramentas do fazer – Instrumentos de marceneiros, alfaiates e ferreiros evidenciam ofícios que moldaram a vida nas colônias.
Placa com ditados de parede. Créditos: DelRe-Stein_VivaFoto
Placa com ditados de parede. Créditos: DelRe-Stein_VivaFoto

Cada núcleo dialoga com o visitante. Assim, a mostra provoca lembranças pessoais e convida a refletir sobre o design que nasce da necessidade, não do luxo.

Colecionar é criar um mundo próprio

Para os curadores institucionais, David Ribeiro e Vânia Carvalho, a exposição também lança luz sobre o ato de colecionar. “Quem coleciona escolhe objetos para contar sua própria história”, afirmam. Consequentemente, a mostra sugere que toda coleção mistura realidade e desejo.

Fôrmas metálicas para bolos e receitas quentes, em diferentes formatos. Créditos: ©️DelRe-Stein_VivaFoto
Fôrmas metálicas para bolos e receitas quentes, em diferentes formatos. Créditos: DelRe-Stein_VivaFoto

Serviço
Exposição: Design e cotidiano na coleção Azevedo Moura
Período: 27/5 a 28/9/2025
Horário: terça a domingo, 10h – 17h (última entrada às 16h)
Local: Sala de exposições temporárias (piso jardim) — Museu do Ipiranga, Rua dos Patriotas, 100
Ingresso: gratuito para a mostra temporária
Mais informações: museudoipiranga.org.br/visite

 

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