Renata Malenza é o nome por trás de uma das trajetórias mais consistentes do setor de rochas ornamentais no Brasil. Diretora do Grupo Corcovado Brasigran — referência global em rocha natural, com operação verticalizada, inovação industrial e presença em mais de 40 países —, ela comanda com firmeza e sensibilidade um mercado historicamente masculino.
Nos últimos anos, o grupo capixaba tem ampliado sua presença no universo do design autoral e da arte contemporânea, com iniciativas como a Brasigran Home, que reposiciona a pedra brasileira como matéria-prima nobre para arquitetura, mobiliário e expressão estética. Nesta entrevista ao RSVP, Renata fala sobre inovação, sustentabilidade, protagonismo feminino e o caminho que a fez ser reconhecida como a “Rainha das Pedras”.
O Grupo Corcovado Brasigran completa quase quatro décadas de atuação. Qual o segredo para manter relevância e liderança em um setor tão competitivo como o de rochas naturais?
Acredito que o segredo esteja na soma de três pilares: visão de longo prazo, compromisso com a excelência e inovação constante. Desde o início, nosso olhar foi muito além da extração — sempre buscamos agregar valor à rocha, transformar matéria-prima em design. A verticalização total da operação nos permite ter controle absoluto de qualidade, oferecer materiais exclusivos e responder rapidamente às demandas do mercado, tanto nacional quanto internacional.
A Brasigran Home tem se destacado como um laboratório criativo dentro do grupo. Qual o papel da arte e do design autoral nessa frente?
A Brasigran Home nasceu da vontade de explorar a rocha como linguagem, e não apenas como revestimento. Queríamos libertar o material das formas tradicionais e testá-lo em novos suportes, com novas curvaturas e acabamentos. Trabalhar ao lado de arquitetos consagrados e de artistas — inclusive internacionais — tem sido transformador, porque nos impulsiona a pensar fora da lógica industrial e valorizar o potencial expressivo da pedra. É design, é arte, é inovação — e é também uma forma de mostrar ao mundo o que a rocha brasileira pode ser.
Sustentabilidade e tecnologia têm ganhado destaque nas operações do grupo. Quais inovações recentes você destacaria nesse sentido?
Temos muito orgulho de unir alta performance industrial com responsabilidade ambiental. Hoje, reutilizamos 98% da água no processo produtivo, desenvolvemos sistemas de reaproveitamento de resíduos e investimos em energia solar. Recentemente, adquirimos uma máquina exclusiva para produzir chapas ultrafinas — uma tecnologia de ponta que vai ampliar ainda mais as possibilidades de aplicação das nossas pedras em arquitetura e mobiliário. É uma maneira de inovar com leveza, eficiência e respeito ao meio ambiente.
Você é uma das poucas mulheres em posição de liderança nesse mercado e ficou conhecida como a “Rainha das Pedras”. Como é ocupar esse lugar em um setor tradicionalmente masculino?
Esse apelido me diverte, mas também me enche de responsabilidade. O setor de rochas ainda é muito masculino, sim — especialmente na operação de pedreiras e na indústria pesada. Mas acredito que o olhar feminino tem muito a contribuir: seja na gestão estratégica, no cuidado com o time ou na sensibilidade estética. Ao longo desses anos, fui conquistando espaço com consistência, escuta ativa e paixão pelo que faço. Liderar uma empresa como a Brasigran é também abrir caminho para que outras mulheres possam enxergar oportunidades nesse universo.