Após as recentes investigações envolvendo nomes como Dior e Giorgio Armani, agora é a vez da Valentino se tornar alvo de um inquérito judicial na Itália. O Tribunal de Milão colocou sob administração judicial a Valentino Bags Lab, empresa responsável pela produção de bolsas e acessórios de viagem para a grife romana. Devido a suspeitas de irregularidades trabalhistas ligadas à sua rede de subcontratantes.

Segundo informações divulgadas pelo portal Fashion Network, a investigação é conduzida pelo procurador Paolo Storari. Além disso, aponta que a Valentino Bags Lab recorreu a fornecedores que, por sua vez, subcontrataram oficinas geridas por empresários chineses.

Nessas unidades, a polícia italiana identificou práticas de exploração laboral que violam diretamente a legislação trabalhista do país.

Durante inspeções em sete dessas oficinas, as autoridades encontraram condições severas e ilegais de trabalho. Incluindo a presença de trabalhadores sem documentação, jornadas exaustivas, dormitórios improvisados e graves falhas em segurança.

De acordo com o Ministério Público, a empresa não implementou mecanismos eficazes de controle para verificar tanto as condições reais de trabalho, quanto a capacidade técnica dos fornecedores. Contudo, segundo os promotores, a Valentino Bags Lab manteve relações com prestadores de serviço que operavam fora dos padrões legais, mesmo após alertas anteriores.

Resposta da maison

Em resposta, a Valentino, controlada pelo fundo de investimento Mayhoola, do Catar, e com 30% de participação do grupo Kering, declarou que vem reforçando nos últimos anos seu programa de avaliação de fornecedores. A empresa também afirma que realiza auditorias independentes com o objetivo de garantir transparência e conformidade em sua cadeia de produção.

A marca ainda reiterou seu compromisso em colaborar com as autoridades italianas para esclarecer completamente os fatos relacionados ao processo judicial em andamento.

Por fim, esse tipo de estrutura de subcontratação em cascata é amplamente utilizado no setor de luxo italiano. Embora permita reduzir custos de produção, o modelo frequentemente expõe vulnerabilidades legais e éticas ao longo da cadeia de fornecimento. Segundo o Ministério Público de Milão, esse caso se assemelha a outros já investigados.

Todas também submetidas a regimes de administração judicial em decorrência de práticas semelhantes.