A saúde óssea feminina após os 50 anos exige atenção redobrada. Segundo dados do Ministério da Saúde, metade das mulheres nessa faixa etária terá, ao longo da vida, uma fratura relacionada à osteoporose — número mais que o dobro do registrado entre os homens. Uma das principais razões está na queda abrupta de estrogênio durante a menopausa, hormônio essencial para a manutenção da densidade óssea.
Menopausa e ossos mais frágeis
“Conforme o estrogênio começa a diminuir, por volta dos 40 anos, o risco de desenvolver osteoporose cresce significativamente. Essa doença silenciosa é caracterizada pela perda progressiva da massa óssea, o que torna os ossos mais frágeis e, portanto, mais propensos a fraturas”, explica o ginecologista Dr. Igor Padovesi, especialista em menopausa e autor do livro Menopausa Sem Medo (Editora Gente).
Apesar de muitas mulheres se preocuparem principalmente com doenças como o câncer de mama nesse período, é essencial compreender que a perda óssea representa uma ameaça igualmente séria.

Fratura de quadril: risco real e subestimado
Entre todas as fraturas possíveis, a do quadril é uma das mais graves. “Diferente do câncer de mama, que apresenta taxas de mortalidade reduzidas com o diagnóstico precoce, as fraturas de quadril têm alta mortalidade no curto prazo. Em média, 20% das mulheres que sofrem esse tipo de lesão morrem no ano seguinte, especialmente quando já apresentam saúde mais frágil”, alerta o Dr. Padovesi.
Além disso, essas fraturas demandam internações longas, cirurgias delicadas e períodos de recuperação que afetam diretamente a autonomia e a qualidade de vida da paciente.
Terapia hormonal: prevenção cientificamente comprovada
Hoje, o tratamento mais eficaz contra a osteoporose na menopausa é a terapia hormonal (TH). “Ela repõe os hormônios que deixam de ser produzidos, principalmente o estrogênio. Com isso, atua diretamente na principal causa do problema e reduz, de forma comprovada, o risco de fraturas em todo o esqueleto”, afirma o especialista, que é certificado pela North American Menopause Society (NAMS).
No entanto, o uso da terapia caiu bruscamente após a divulgação, em 2002, do estudo Women’s Health Initiative — uma pesquisa controversa que relacionava a TH a riscos à saúde. “Hoje sabemos que o estudo tinha falhas sérias. A queda global na prescrição da terapia levou, como consequência, ao aumento expressivo de fraturas e mortes entre mulheres mais velhas”, explica.
Estilo de vida importa — e muito
Apesar da eficácia da terapia hormonal, a prevenção deve ir além. O Dr. Padovesi reforça a importância de hábitos saudáveis como forma complementar de proteção contra a osteoporose:
- Alimentação balanceada, rica em cálcio e vitamina D;
- Exercícios físicos regulares, com foco no fortalecimento muscular;
- Manutenção do peso corporal adequado;
- Avaliações médicas periódicas.
Além disso, em alguns casos, o uso de suplementos e medicamentos específicos pode ser necessário para frear a perda óssea.
Prevenção é o melhor caminho
Por fim, o ginecologista destaca a importância de informação e acompanhamento especializado. “O mais importante é que as mulheres na menopausa busquem orientação médica qualificada. Com isso, é possível definir o tratamento mais adequado para cada perfil, aumentando as chances de um envelhecimento com qualidade e autonomia”, finaliza.
Fonte:
Dr. Igor Padovesi, ginecologista, especialista em menopausa, autor de Menopausa Sem Medo, certificado pela NAMS e membro da International Menopause Society.
Instagram: @dr.igorpadovesi