A galeria Danielian São Paulo exibe, até 5 de julho de 2025, a mostra “Vicentes – Monteiro: Entre Recife e Paris (1899–1970)”, dedicada ao artista Vicente do Rego Monteiro, sob curadoria de Paulo Bruscky. Com uma seleção inédita de obras e documentos, a exposição oferece uma leitura ampla e sensível da trajetória do artista, destacando sua produção escrita e visual.

Diálogo entre imagem, palavra e tempo

A mostra apresenta, pela primeira vez no Brasil, os poemas visuais de Rego Monteiro, exibidos originalmente no Centre Georges Pompidou, em Paris, em 2017. Esses trabalhos, ao lado de cartas, pinturas, fotografias, discos, cartazes e caligramas, revelam um artista multifacetado que transitava com fluidez entre linguagens.

Além disso, os visitantes encontrarão uma nova seleção de obras inéditas e documentos que aprofundam o olhar sobre sua obra. Dessa maneira, a exposição amplia o entendimento sobre sua importância para a arte moderna brasileira.

Curadoria como reconstrução viva

Fruto de uma pesquisa de anos, a curadoria propõe mais do que um resgate histórico: ela reconstrói uma narrativa viva, na qual a documentação se transforma em arte. Paulo Bruscky, também artista e conterrâneo de Rego Monteiro, interpreta a trajetória do modernista com um olhar contemporâneo e afetivo.

Por isso, a mostra estabelece pontes entre gerações e práticas artísticas. Bruscky, reconhecido por sua atuação em arte correio e práticas conceituais, insere a figura de Vicente em uma linhagem de artistas que tratam o arquivo como poética.

Recife, Paris e o trânsito de ideias

Rego Monteiro foi um artista do entre-lugares. Editava em Paris, mas imprimia no Recife, criando uma conexão rara entre dois mundos. Vencedor do Prêmio Apollinaire, ele dialogava com o modernismo europeu ao mesmo tempo em que se enraizava na cultura brasileira, especialmente nas referências visuais da cerâmica marajoara.

Portanto, sua obra não se encaixa em rótulos simples. Ao contrário, ela se estrutura a partir de tensões criativas entre tradição e vanguarda, entre forma e palavra, entre centro e margem.

A atualidade de uma obra múltipla

Ao reunir mais de 100 itens, entre livros, pinturas, objetos gráficos e registros, a exposição revela a profundidade de uma obra que antecipa o concretismo e expande as possibilidades da arte visual. Como afirma Bruscky, “foi talvez o mais arcaico e, por isso mesmo, o mais moderno entre os modernistas”.

Consequentemente, o público é convidado a mergulhar em um percurso sensorial e histórico. Cada documento exposto contribui para reconstruir não apenas a trajetória de um artista, mas também os contornos de uma época — marcada por rupturas, experimentações e diálogos criativos.

Serviço
Vicentes – Monteiro: Entre Recife e Paris (1899–1970)
Danielian São Paulo
Até 5 de julho de 2025
Terça a sexta, das 11h às 19h; sábados, das 11h às 15h
Exposição individual de Vicente do Rego Monteiro
Curadoria: Paulo Bruscky
Endereço: Rua Estados Unidos, 2.114, Jardim América – São Paulo – SP
Entrada gratuita

 

Fotos: Denise Andrade

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