Apesar de o congelamento de óvulos ter se popularizado, principalmente após celebridades divulgarem a prática, o processo envolve muito mais do que uma simples tendência. Ele oferece à mulher a possibilidade de preservar sua fertilidade para o futuro, mas também exige atenção, planejamento e cuidados. O Dr. Rodrigo Rosa, especialista em reprodução humana e diretor clínico da Clínica Mater Prime, em São Paulo, explica que, embora seguro, o procedimento não é isento de efeitos colaterais e de desafios.
Efeitos colaterais e o acompanhamento médico
A estimulação ovariana necessária para o congelamento de óvulos envolve o uso de hormônios, o que pode causar efeitos colaterais. Muitas mulheres experimentam dores de cabeça, inchaço, náuseas, dores musculares e alterações emocionais. “Esses sintomas são parecidos com os da TPM e desaparecem ao final da estimulação hormonal. No entanto, o acompanhamento médico é essencial para minimizar os impactos e garantir que a saúde da paciente seja preservada”, esclarece o médico.
O processo de congelamento de óvulos
O ciclo de congelamento de óvulos dura cerca de três semanas. Inicialmente, a paciente precisa fazer uma série de exames para avaliar a qualidade dos óvulos. Depois, ela começa a usar anticoncepcionais por uma a duas semanas, com o objetivo de desativar temporariamente os hormônios naturais. Durante os 10 dias seguintes, a mulher faz uso de injeções hormonais para estimular os ovários e amadurecer os óvulos.
Após o amadurecimento dos óvulos, a coleta é realizada sob sedação. O médico insere uma agulha na vagina, guiada por um transdutor, para aspirar os óvulos dos ovários. Eles são imediatamente congelados em nitrogênio líquido a -196°C.
Preservação da fertilidade: uma boa estratégia, mas sem garantias
Embora o congelamento de óvulos seja uma excelente opção para quem deseja adiar a gravidez, ele não garante sucesso futuro. O Dr. Rodrigo destaca que muitos fatores podem interferir no sucesso do processo, como a sobrevivência dos óvulos após o descongelamento e a fertilização bem-sucedida. “Embora os óvulos fiquem congelados, a mulher continua a envelhecer. Isso pode afetar a fertilidade, e o sucesso da gravidez dependerá também da idade dela na hora da tentativa”, observa o especialista.
Apesar disso, os avanços nos métodos aumentaram as chances de sucesso. As taxas de descongelamento e fertilização de óvulos em mulheres de até 38 anos chegam a 75%. A idade da mulher no momento do congelamento tem grande influência no sucesso do procedimento. Quanto mais jovem, melhores são as chances de gerar uma gravidez saudável.
Planejamento e custos do congelamento de óvulos
Não existe uma idade específica que contraindique o congelamento de óvulos, mas o Dr. Rodrigo recomenda realizar o procedimento até os 35 anos. O processo pode ser caro, já que envolve várias etapas, como o uso de medicações, o procedimento em si, o armazenamento dos óvulos e a fertilização in vitro no futuro. O médico alerta para a necessidade de planejar financeiramente o procedimento com antecedência.
Importância do planejamento e da escolha de um bom médico
O Dr. Rodrigo afirma que um bom planejamento é fundamental para o sucesso do congelamento de óvulos. A mulher deve escolher um médico experiente e especializado, além de definir quantos filhos deseja ter no futuro. Isso influenciará a quantidade de óvulos a ser coletada. O ideal é armazenar 10 óvulos para cada tentativa de gravidez. “Mulheres com até 38 anos conseguem colher de 10 a 20 óvulos por ciclo”, explica o médico.
“É importante se planejar de forma antecipada e contar com a ajuda de um especialista para realizar o processo com segurança”, conclui Dr. Rodrigo.
Fonte: Dr. Rodrigo Rosa – Ginecologista obstetra especialista em Reprodução Humana e sócio-fundador e diretor clínico da Clínica Mater Prime, em São Paulo. Membro da Associação Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH). Instagram: @dr.rodrigorosa
