Se destacando como uma das marcas de luxo mais populares de 2024 conforme pesquisa da Vogue Business, a grife francesa Hermès foi a mais citada entre as líderes de vendas por mil entrevistados, desafiando a desaceleração da indústria, com vendas em crescimento no terceiro trimestre do último ano.
O aumento de 11% nas vendas — conduzidas por todas suas áreas de atuação com exceção dos relógios —, nada contra a maré. Em relatório de mercado divulgado na última terça-feira, 15, a marca se tornou a mais valiosa da França, ultrapassando a LVMH. A concorrente de Bernard Arnault divulgou uma queda de 3% nas vendas do primeiro trimestre de 2025, contrariando as expectativas de crescimento.
Tais números são estudados por investidores e concorrentes com atenção, observando os passos que alavancam a Hermès ao longo desta década, consolidando como uma das líderes do setor. A forma como isso se instaura, no entanto, é mais simples do que parece; mantendo uma filosofia centrada na qualidade, tradição e, principalmente, exclusividade.
Lista de espera
Conhecida pela abordagem exclusiva na venda dos produtos, a fila de espera da marca já faz parte do imaginário popular desta indústria — sendo referenciada até mesmo em ‘Sex And The City’, quando Samantha Jones, na quarta temporada, se assusta ao descobrir que poderia esperar até 5 anos por uma bolsa Birkin.

Em uma unidade da Hermès, no entanto, tal lista de espera não existe formalmente, variando de acordo com especificações desejadas pelo cliente, disponibilidade e até mesmo se o consumidor já é reincidente, garantindo prioridade. Ainda assim, a alta demanda e valorização das peças da grife não apenas estimula os entusiastas da moda a procurá-las, mas aguardar de meses a anos.
Na risca
Produzindo apenas o necessário, é possível controlar a precificação com muito mais cuidado do que lançando colaborações e coleções desenfreadas — muitas delas, com menos aderência, obrigando marcas a compensar o prejuízo de uma coleção com o aumento de outra. Além disso, a exclusividade permite ao cliente que seu item de moda também seja adquirido como um investimento.
Em estudo que completou uma década neste ano, divulgado pelo The Guardian, as bolsas Birkin produzidas sob demanda pela Hermès entre os anos de 1980 e 2015 tiveram um crescimento anual de valor estimado em 14,2%, subindo constantemente, sem registro de quedas em nenhum período.
No mesmo período, para âmbito de comparação, o S&P 500, índice da bolsa de valores dos EUA que compila o desempenho das 500 maiores empresas do país, rendeu em média 8,7% ao ano, confirmando que uma bolsa Birkin da grife pode ser um investimento mais valioso do que o de grandes empresas das mais diversas área de atuação, assegurando a Hermès como uma das marcas mais sólidas da indústria.
*Essa matéria foi escrita em colaboração com Wallacy Ferrari.