A vida nem sempre segue um roteiro previsível. Entre planos frustrados, reviravoltas inesperadas e aquele famoso “deixa a vida me levar”, encontrar leveza no caos pode ser um desafio — ou uma arte. É justamente essa ideia que Murilo Gun leva para o palco em seu novo espetáculo, Fé no Flow. Com apresentações neste final de semana, 5 e 6 de abril, na Cidade das Artes, no Rio de Janeiro, o humorista e palestrante une comédia, reflexão e música ao vivo para explorar a relação entre ordem e espontaneidade. Com direção de Márcio Ballas, o show promete uma experiência imersiva, incentivando o público a abraçar o fluxo da vida de forma mais autêntica e divertida.
Batemos um papo com Murilo Gun sobre encontrar leveza no caos:
No seu espetáculo, você une criatividade, improviso e uma reflexão sobre a vida. Como a mentalidade do ‘flow’ pode ajudar as pessoas a lidarem com os imprevistos do dia a dia e tomarem decisões mais autênticas?
Para viver mais no flow, é essencial estar leve, e algo que impede isso é a resistência aos acontecimentos da vida. Muitas vezes, nos revoltamos com o que acontece e julgamos que algo “não deveria ter ocorrido”, mas, se aconteceu, era porque tinha que ser assim. Aceitação não é passividade, é uma atitude criativa. Quando aceitamos de verdade, encontramos uma leveza que nos permite fluir e tomar decisões mais alinhadas com nossa verdade.
Seu trabalho sempre flertou com a interseção entre humor, inovação e desenvolvimento pessoal. O que você diria para quem acha que criatividade e espiritualidade são caminhos opostos?
Durante muito tempo, minha abordagem da criatividade foi puramente intelectual, baseada em repertório e conexões racionais. Mas, nos últimos anos, descobri outro tipo de criatividade, que vem do silêncio, do sentir. Às vezes, as ideias mais autênticas e poderosas surgem quando conseguimos nos limpar das distrações e excessos. Criatividade e espiritualidade são, na verdade, a mesma coisa: a expressão do criador em ação através de nós. Quando estamos alinhados com nossa essência, nos tornamos canais mais puros para a criação.
O título ‘Fé no Flow’ sugere um equilíbrio entre confiar no processo e estar aberto ao inesperado. Qual foi o momento mais ‘flow’ da sua carreira, aquele em que tudo se encaixou de um jeito surpreendente?
O próprio surgimento do espetáculo foi um exemplo de flow. Eu estava em uma viagem a trabalho quando houve um problema na logística e precisei mudar completamente meu roteiro de voos. No meio dessa confusão, me vi em um avião e senti uma paz inexplicável. Pela primeira vez, abri um arquivo no computador e comecei a escrever sobre minha volta ao teatro. Depois, em outro voo, encontrei Renato Albani, que acabou me conectando ao meu futuro produtor. Tudo fluiu de forma inesperada, e foi assim que “Fé no Flow” nasceu. Se eu tivesse resistido à mudança, talvez nada disso tivesse acontecido.