A criatividade e inovação são atributos essenciais para marcas que desejam se manter autênticas e fortes no mercado. Esse é o caso da Ryzí, grife brasileira de design com foco em itens handmade em couro, criada por Luiza Mallmann. Para continuar com uma identidade geométrica e tridimensional, referência em suas criações, e ao mesmo tempo desenvolver ideias novas, Luiza e sua equipe criam repertórios a partir do dia a dia, mas, principalmente, em experiências diferenciadas em viagens.
Para conhecer o processo de criação e as estratégias de uma marca referência em design, conversamos com a empresária, que se aprofundou no processo criativo e deu dicas de como sempre ter novas invenções. Confira a entrevista exclusiva:
Desde seu surgimento, a Ryzí traz um design inovador e um DNA único, facilmente reconhecido por seus origamis e formas geométricas em 3D. Essa identidade da marca é um reflexo do seu lifestyle? Como se deu a criação da marca?
Acredito muito que tudo o que vemos acaba nos inspirando. Durante o surgimento da Ryzí, sempre tive como meta criar uma identidade visual muito forte. Coincidentemente, eu estava no meu primeiro curso no exterior, em Londres, onde tive contato com muitas nacionalidades, mas, principalmente, com japoneses. Eles gostavam muito de uma estética específica, a de origami, e de trabalhos manuais – e fiquei encantada com isso! Foi algo que nunca saiu da minha cabeça.
Por isso, no dia em que a marca nasceu, ela já veio com essa identidade estruturada. Era algo que sempre existiu no meu imaginário, muito antes de surgir de fato. Queria fazer algo único para a moda nacional e que pudesse transitar por todos os lugares do mundo. Então, a forma como enxergo e percebo o mundo no momento reflete nas nossas produções, sendo diretamente ligada aos acontecimentos atuais.
Observando as redes sociais, reparamos que você viaja bastante, principalmente para destinos inusitados e ricos em cultura. Essas viagens contribuem no seu processo criativo? Se sim, de que forma?
Nossa, muito! As viagens são um dos meus principais meios de inspiração, especialmente pelas novas culturas com as quais tenho contato e conheço pela primeira vez. Todo país tem um estilo único, seja pelo idioma, gastronomia, vestuário, arquitetura e até mesmo como as pessoas pensam. Nos destinos, sempre busco conhecer marcas menores e lugares que saem da bolha, para conseguir entender como a moda é expressa no local e trazer insights para o universo Ryzí.
Nessas viagens, há algo que você mais gosta de conhecer e se aprofundar? Qual destino você indica para quem deseja sair com muitas inspirações e ideias?
Atualmente, estou encantadíssima com a Ásia. Por ser um continente enorme, do outro lado do mundo, a cultura se manifesta de formas distintas em cada país, e isso é muito empolgante. No ano passado, visitei Laos, Camboja e Tailândia, e o que mais me chamou a atenção foi como o artesanato lá é forte em pratarias e tecidos – é algo que realmente faz parte da vida deles.
Minha dica é conhecer lugares que fazem contraponto um com o outro. Por exemplo, Vietnã e Coreia do Sul. Ao mesmo tempo que são diferentes – como em relação à tecnologia, em que a Coreia do Sul está anos-luz à frente –, eles se assemelham na vivacidade de cores, nos produtos e nas construções. É muito bacana vivenciar as mesmas características em diferentes lugares.
As suas redes sociais, assim como as da Ryzí e Ryzí Universe, possuem uma visão única através dos conteúdos postados. Isso é algo espontâneo ou existe uma estratégia por trás? Como você se relaciona com a produção de conteúdo?
A Ryzí, como um todo – desde o conteúdo até nossos produtos – reflete a forma como meu time e eu enxergamos o mundo. Por exemplo, quando a marca surgiu, ela era muito mais colorida, porque eu estava passando por essa fase. Ao explorarmos as possibilidades dentro do design, desenvolvemos mais as ideias e ficamos mais experientes.
Isso emergiu para as nossas redes sociais. Tudo o que vivenciamos e experimentamos, como os restaurantes que visitamos, as cores nas ruas e os passeios mais culturais, resultam na criação de conteúdo para o Instagram @ryzi.universe. Lá, abordamos tudo o que somos mais apaixonadas, como gastronomia e hobbies ‘diferentões’. Gosto de dizer que a página do universo Ryzí é como se fosse o nosso cérebro. É um mundo que todo mundo vive, mas através do olhar da marca.
Sabemos que o caminho de empreendedora e designer é repleto de desafios e decisões impactantes a serem tomadas diariamente. O que você faz para continuar com a criatividade sempre ativa?
Primeiro: é muito importante saber que nada se faz sozinho, e entender que precisamos nos acolher nos momentos em que o bloqueio chega. Na Ryzí, nós falamos que somos uma fábrica de criações: sempre desenvolvendo ideias ao mesmo tempo. Como na vida, tudo há oscilações – nós não desperdiçamos a criatividade e aproveitamos ao máximo os momentos mais inspiradores. Então, quando chega a fase mais estagnada – que é normal de existir –, conseguimos dar luz para as invenções que desenvolvemos, mas não usamos em coleções passadas. É como ressurgir uma ideia das cinzas: uma fênix!
Além dessas cartas na manga, o que gosto de fazer realmente é viajar, nem que seja um final de semana, uma ida ao mar, uma caminhada diferente… Isso me inspira. Gosto muito de ouvir as histórias das pessoas, coisas que elas veem de forma diferente. A internet também é uma ótima aliada para a criação. Vídeos aleatórios e artísticos, fugindo um pouco da moda e indo para algo mais conceitual, me ajudam a expandir a mente.
