Tudo começou em uma sala de edifício comercial na região da Barra Funda, em São Paulo. O ano era 2023, e os jovens empreendedores Roger Supino e Guilherme Giaffone, hoje com 20 e 23 anos, respectivamente, criaram a MITS Galeria, onde exibiam e já negociavam obras de arte. Desde sua criação, a MITS tem como objetivo ser uma galeria de arte na qual exposições individuais e coletivas promovem maior interação entre artista e público, conectando quem produz com uma nova geração de potenciais colecionadores e apreciadores.
Instalada desde 2024 no bairro dos Jardins, na Rua Padre João Manoel, 740, a galeria está em sua quinta exposição, com a mostra Instante em Frequência de Luz.
Trazer uma visão jovem, ser uma referência para a nova geração e impulsionar esse mercado em âmbito nacional, democratizando cada vez mais a arte, também fazem parte dos objetivos dos sócios. Atualmente, além das exposições de arte contemporânea, a MITS atua na comercialização de obras no mercado secundário e na criação de projetos para empresas ou pessoas físicas que desejam ter algum tipo de arte personalizada. A galeria também realiza curadoria, intermediação e execução de eventos próprios, além de parcerias com ONGs que promovem projetos sociais.
Em um bate-papo, os jovens sócios falam sobre seus ideais e os próximos passos. Confira!
De onde surgiu a ideia de abrir uma galeria de arte, sendo vocês dois jovens estudantes de administração?
Essa paixão pela arte veio de casa para os dois. Guilherme, desde muito novo, frequentava exposições ao redor do mundo com a mãe, o que o ajudou a desenvolver um olhar crítico sobre arte. Já eu, Roger, cresci cercado por esse universo: meu pai é colecionador, e meu avô, artista plástico, então esse mundo sempre fez parte da minha vida.
Quando nos conhecemos na faculdade, onde estamos concluindo o curso de Administração com foco em Empreendedorismo, criamos uma amizade forte e logo descobrimos esse interesse em comum. Como ambos já tinham o desejo de empreender, enxergamos uma grande oportunidade de transformar essa paixão em um negócio.
Ao nosso redor, percebíamos que a maioria dos nossos amigos não se interessava por arte — muitos diziam que “era coisa de velho”. Isso nos acendeu um alerta: havia uma brecha no mercado. As galerias eram, em sua maioria, tradicionais demais e não sabiam se comunicar com as novas gerações. Foi aí que surgiu a ideia da MITS: uma galeria que quebra esse padrão, fala a linguagem dos jovens e propõe uma nova forma de conexão com a arte.
Como jovens empreendedores à frente de uma galeria que reflete esse perfil, como vocês percebem a receptividade do público em geral e também dos colecionadores em relação às exposições que organizaram até aqui?
A receptividade do público tem sido muito positiva desde o nosso primeiro evento, ainda na Barra Funda. Sempre buscamos trazer algo novo, seja por meio de novos artistas, formatos de apresentação ou experiências, e isso cria uma expectativa constante nos nossos visitantes, que sabem que, a cada exposição, encontrarão algo diferente. A experiência do público é uma prioridade para nós, e fazemos questão de que cada visita seja um momento único. Às quintas-feiras à noite, quando inauguramos novas exposições, sabemos que estamos competindo com dezenas de outras possibilidades, então valorizamos muito o fato de as pessoas escolherem estar ali, celebrando conosco.
Em relação aos colecionadores, esse é um grupo no qual temos focado grande parte do nosso tempo e energia nos últimos meses, principalmente nas decisões curatoriais. O retorno tem sido excelente. Temos conseguido entrar em coleções cada vez mais renomadas, o que nos orgulha muito e reforça que nossa curadoria — especialmente voltada para jovens artistas — carrega um valor único e relevante no cenário da arte contemporânea.
Qual a avaliação de vocês sobre o andamento da galeria quando estão prestes a celebrar dois anos de existência e um ano desde a implementação da MITS Galeria no bairro dos Jardins, em São Paulo?
Estamos muito felizes com tudo que construímos até aqui. A MITS vem evoluindo a passos largos, e temos a sensação de que estamos apenas no começo. A mudança para o bairro dos Jardins foi, sem dúvida, uma virada de chave para a galeria. Estar localizados bem em frente à Galeria Luisa Strina, referência máxima no país, e próximos de outras das principais galerias do Brasil nos posiciona em um circuito de arte de altíssimo nível, fortalecendo ainda mais nossa missão.
Além da localização estratégica, hoje temos um espaço que nos permite receber bem as pessoas, o que consideramos o mais importante de tudo. Criar um ambiente acolhedor, onde o público se sinta à vontade para vivenciar a arte, sempre foi uma das nossas maiores preocupações. Ver isso acontecendo na prática, com cada vez mais visitantes, artistas e colecionadores se conectando com a MITS, nos dá a certeza de que estamos no caminho certo.

Como enxergam o mercado de arte no Brasil?
Nos últimos anos, o mercado de arte brasileiro tem testemunhado uma onda crescente de jovens artistas contemporâneos que estão rompendo barreiras e conquistando novos espaços de expressão. Essa geração, composta majoritariamente por artistas com até 30 anos, traz uma abordagem fresca e inovadora, explorando temas contemporâneos e utilizando novas linguagens visuais que dialogam diretamente com as questões sociais, culturais e tecnológicas da atualidade.
Esse movimento tem sido impulsionado por um contexto digital cada vez mais presente, que facilita a difusão de obras e ideias artísticas por meio das redes sociais e plataformas online. Além disso, o interesse de colecionadores e galerias em descobrir talentos emergentes tem aumentado significativamente, refletindo um desejo de renovação no mercado de arte.
Dentro desse cenário, a MITS surge como um projeto inovador e essencial para dar visibilidade e suporte a essa nova geração de artistas.
Quais são as ações sociais e como funcionam as parcerias com ONGs, que são parte das iniciativas da galeria?
Desde o início, a MITS tem como um de seus principais pilares a democratização do acesso à arte por meio da educação. Hoje, contamos com parcerias com quatro entidades sociais que atendem crianças e jovens em situação de vulnerabilidade financeira: Projeto Steps, GAS Insper, Olhar de Bia e Amor para Recomeçar.
Realizamos ações dentro do nosso espaço para que esses jovens tenham o primeiro contato com o ambiente de uma galeria e possam enxergar, de perto, um novo mundo de possibilidades ao se depararem com as obras em exposição e acervo. Também organizamos visitas guiadas a museus, como o MASP, e levamos a arte até as sedes dessas instituições, em diferentes comunidades de São Paulo.
Já promovemos oficinas de graffiti, onde os jovens puderam sentir na pele a experiência de criar seus próprios trabalhos, além de palestras com artistas que vieram de realidades semelhantes às deles. Nosso maior propósito é estimular a criatividade dessas crianças e plantar uma semente de esperança, mostrando que é possível sonhar com um futuro mais promissor e cheio de oportunidades.
Quais são os próximos passos para o futuro da galeria?
Os próximos passos da galeria envolvem a expansão da marca e a consolidação do nosso nome no cenário artístico nacional. Estamos focados em formar uma verdadeira seleção de jovens artistas com altíssimo potencial de crescimento, que passarão a ser representados por nós. Acreditamos que esses nomes serão protagonistas do futuro da arte brasileira — e, juntos, vamos escrever o próximo capítulo dessa história.