A partir de 27 de março, a Galeria Luisa Strina recebe “Mecânica dos Meios Contínuos”, nova exposição de Marcius Galan. A mostra reúne um conjunto de obras inéditas que investigam a resistência dos materiais e a tensão entre equilíbrio e colapso. Os trabalhos, que variam entre objetos e instalações, sugerem movimentos e funções específicas, mas parecem estar sempre à beira do colapso.
O conceito por trás da exposição
O título da exposição faz referência a um campo da física que estuda a deformação dos corpos sob a ação de forças externas. De maneira semelhante, as obras de Galan tensionam a matéria, criando diálogos entre permanência e transformação. Assim, ele propõe um olhar sobre o espaço e a percepção do movimento.
Reconhecido internacionalmente, o artista possui trabalhos em acervos como MASP, Pinacoteca de São Paulo, Museum of Fine Arts Houston e Guggenheim Bilbao. Além disso, foi vencedor do Prêmio PIPA em 2012 e realizou residências artísticas na Gasworks, em Londres, e na School of the Art Institute of Chicago.
Obras que desafiam a percepção
A exposição se inicia com “Cinema” (2025), uma instalação que ocupa uma sala completamente escura. Nela, um sistema de luz suspenso do teto simula o voo de dois vaga-lumes, emitindo sinais em código próprio. Além de explorar a percepção cinética, a obra homenageia Pier Paolo Pasolini, que comparou o desaparecimento dos vaga-lumes ao apagamento da resistência política.
Outra obra impactante é “Anti-horário” (2025), um vídeo gravado no deserto. Nele, um pequeno galho seco desenha um círculo perfeito na areia, movido pelo vento. À medida que a direção do vento muda, o movimento do desenho se altera, reforçando a ideia de instabilidade.
Já “Infinito” (1999), única obra da mostra pertencente a uma produção anterior do artista, apresenta um tubo de vidro moldado no formato do símbolo do infinito. No entanto, sua continuidade é interrompida por um volume de cera, criando um contraste entre fluidez e bloqueio.
A resistência dos materiais
Na segunda sala da exposição, as obras exploram a força e a fragilidade de diferentes materiais. “Memória geológica” (2025), por exemplo, exibe duas pedras cortadas por uma linha de aço, atraindo-se para um ponto comum. A interação entre os elementos cria a ilusão de um magnetismo invisível, gerando tensão entre atração e oposição.
Já “Força resultante” (2025) desafia a gravidade ao posicionar uma haste de madeira em um equilíbrio aparentemente impossível. Uma linha de ferro, por sua vez, sugere manter essa estabilidade, mas sem tocá-la. A obra, portanto, captura um instante de iminência entre queda e sustentação.
Outra peça emblemática é “Baixa resolução” (2025), uma composição de parede feita com cubos de madeira e carvão. Enquanto algumas áreas parecem queimadas, remetendo a paisagens devastadas por incêndios, outras lembram explosões pixeladas de videogames antigos.
Por fim, “Orbital” (2025) reúne placas pintadas com tinta automotiva preta, sobre as quais pedras minerais determinam órbitas de objetos cortantes. O atrito entre os materiais cria padrões geométricos, contrastando delicadeza e agressividade.
Conversa com o artista
Como parte da programação pública, Marcius Galan participará de um bate-papo com a curadora Heloisa Espada e o colecionador Fabio Faisal. O evento acontece no dia 10 de maio, às 11h, proporcionando uma oportunidade para discutir os conceitos da exposição.
Serviço
Marcius Galan: Mecânica dos Meios Contínuos📅 Abertura: 27 de março, das 18h às 21h📍 Galeria Luisa Strina – Rua Padre João Manuel, 755, São Paulo🕒 Segunda a sexta, das 10h às 19h; sábado, das 10h às 17h💬 Conversa com o artista: 10 de maio, às 11h🎟 Entrada gratuita🔗 Mais informações: www.luisastrina.com.br | Instagram: @galerialuisastrina